domingo, julho 01, 2007

Só estou dando uma olhadinha

Tenho medo de vendedores de loja. Desde criança. Eu sei que não é fácil vender sem talento para a coisa. Mas o cara forçar uma venda pra você empolgado como cão na feira, como se tivesse cheirado 5 carreiras de farinha colombiana, é complicado.

Ontem, passeando pelo shopping, vi um lindo sapato na vitrine de uma loja. Era uma dessas multimarcas, vende de tudo um pouco que o brasileiro considera "de grife" e nada mais é do que modinha do Brás superfaturada. Entrei e perguntei o preço. Tanto. Achei caro, mas assim mesmo resolvi provar. O atendente, que era um gordinho com camisa justa demais e muito gel no cabelo, começou a ladainha.

Eu disse, ao pegar o sapato e sentar na cadeira "está meio caro..." e ele imediatamente olhou para meus pés e disse "tá falando o quê, esse Puma que você tá usando custa uns 300 paus no mínimo". Eu achei tremenda falta de educação e soltei "cara, você não sabe quanto eu paguei desse tênis, então não joga no ar". Aí eu coloquei o modelito no pé, e como sou desequilibrada por sapatos, já fiquei toda feliz. E o gordinho me solta "um sapato de princesa para uma princesa".

MAH QUE MERDA É ESSA MEU FILHO? Pra cima de moá? Não disse nada, fiz cara de bunda e fui olhar no espelho. E além do gordinho, mais outros dois vendedores à paisana pularam em volta de mim "mas você é muito estilosa, combina com esse sapato", ou outro "é sua cara, vai destruir todas as outras meninas na balada" e eu muito educamente falei "eu não vou em balada, e não me visto para destruir meninas".

E dá-lhe "prova essa", "como ficou?", "está dando certo?", "olha esta blusa" , "ué não vai levar a calça?". Não, não, não, não. Parecem doidos saltitando à sua volta jogando frases bestas "ficou ótimo", "arrasou", "ai, sua cara". Eu fico constrangida, preferiria que eles ficassem quietos em geral. A opinião de um vendedor não conta. Entendam amigas e amigos que eventualmente visitam lojas, a opinião deles não conta. Não acredite. Ele está fazendo a parte que lhe cabe, e pode, muito bem ser um mal educado que fica especulando quanto dinheiro você tem. E eu não suporto isso. Eu não compro porque "ele" me convence. Eu compro porque eu quero. O papel dele é me oferecer, não encher meu saco. É uma arte, que nesses muitos anos consumistas de vida aprendi que ela é difícil e rara.

Cadê a simpatia? Falta simpatia minha gente. E sobra psicose. PURA PSICOSE!

Aquele gordinho só faltou arrancar minha jugular com os dentes e dizer "sua alma é minha agora". Me ofereceu vinho, chocolate, salgadinhos. Eu não aceitei nada. "Ai meu bem, acabei de comer pastel com garapa" eu respondia em frente às guloseimas, e ele tentava entender se eu era rica ou pobre.

Conclusão? Óbvia. Eu levei o sapato. Mas eu sou doida por sapatos, se fosse uma loja self-service eu teria levado do mesmo jeito. E foda-se o gordinho de camiseta justa e bozzano no topete. A comissão dele está paga.

"O vendedor da Track&Field me disse que eu fiquei super-bem. Arrasei"

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