quinta-feira, agosto 23, 2007

Palhacitos

Quando o assunto é "pintura do movimento tosquista experimental" há algo que não pode faltar: Palhaços. Estas figuras, tão alegres e vivazes podem trazer sorriso a alguns, e pavor a outros. Eu pessoalmente, sinto um medo incontrolável de palhaços, e nunca me esqueço de uma noite fatídica no Circo Orlando Orfei, back in 1985, onde eu tive um ataque de pânico quando um palhaço quis me pegar e fiquei em estado de choque, que só só foi curado quando minha mãe me tirou de lá e me deu uma maçã do amor.

Mas isso não vem ao caso. Voltemos à discussão artística conceitual no que revolve o universo destes homens e mulheres que enchem a cara de tintas de tons primários, roupas enormes e perucas de canecalon. Vamos ver algumas obras representativas:

Título: Olhar desconfiado
Técnica: Resto de giz pastel sobre papel sulfite Chamequinho.
Neste quadro, o artista se viu em um dilema: "Agora que eu fiz cagada e desenhei os olhos do palhaço tortos pra cacete, eu devo ou não continuar? Se eu continuar, vou desperdiçar o resto de giz pastel que eu tenho, e que dava pra fazer pelo menos mais um quadro e vender. Se eu parar agora, posso deixar esse troço assim, e fazer de conta que o inacabado é proposital e vender desse jeito mesmo!". E aí está, pronto (??) e à venda no Mercado Livre.


Título: Palhaço com Bócio Negro
Técnica: Mista. (é, mista, abri a gaveta de material escolar do meu filho e mandei ver)
Este palhaço claramente tem bócio. Seu pescoço está inchado e gangrenado. Seriam os anos de trabalho com a gravata de cetim colorida? Só nos resta questionar. Ele ensaia um sorriso, quase mostra os dentes, mas se contenta em colocar pra fora só as pontinhas. Talvez esses sejam os únicos dentes que lhe restam também, depois de anos vivendo de restos de pipocas carameladas que conseguia ao fim dos espetáculos. Os olhos, realisticamente psicóticos, olham pra você como se dissessem "e agora, você me acha engraçado?". Não. Eu tenho medo.

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