quinta-feira, agosto 23, 2007

Faz carão

Essa moça se chama Kelly dos Santos. Aplicou vários golpes em velhinhas e homens desavisados. Roubou talões de cheque, dinheiro, cartões de crédito, colocando sonífero em bebidas e conquistando a confiança das pessoas. Comprou roupas caras, alugava carros de luxo e circulava por aí fazendo carão de quem pode. Mas nada mais é do que uma bandidinha salafrária. Aposto que vai alegar "distúrbios emocionais" para justificar seus crimes. E não me impressionaria se ela fosse solta por isso. Kelly, como qualquer mulher vaidosa e egocêntrica, só via graça na vida se estivesse com seu jeans da Miss Sixty e sua blusinha da D&G. E se vista na rua, principalmente por pessoas que colocam valor em etiquetas e rótulos, seria tida como "hype".

Não duvido que Kelly tenha noção do que fazia ao roubar. Ela compra as revistas de moda e sabe o que é "bom e caro". Kelly, ao entrar em uma loja de grife, deve ser tratada como uma rainha. Porque ninguém se negou a vender pra ela mesmo com cheques em nome de outra pessoa. Ostentando uma falsa imagem de alguma coisa que sonharia ser, Kelly quer mostrar que é sofisticada, rica e "in". Kelly é uma bandida com uma bolsa da Prada, comprada com o dinheiro que ela roubou. Mas quem poderia dizer não é? Kelly foi presa ontem, na Delegacia do Itaim Bibi, um bairro (teoricamente) de classe alta aqui em São Paulo.

As coisas que envolvem aparência e julgamentos precipitados são sérias. Você considera uma pessoa pelo o que ela ostenta? A maioria das pessoas faz isso. Mesmo sem querer, mesmo de longe, mesmo de perto.

Eu sei que escrevo aqui sobre ostentações também. Mas faço isso com humor, à distância. Não faz parte da minha vida de maneira essencial. Só está lá como complemento. Não trabalho com moda, e pensando na Kelly dos Santos, tenho receio em saber o que este universo é capaz de fazer com as pessoas.

Kelly roubava para comprar artigos de luxo. Os mesmos que os editoriais de moda anunciam como "o must" da temporada. Eu nunca roubei nada nessa vida. Mas se estivesse em um lugar cheio de "profissionais da moda", Kelly seria bem vinda porque ostenta suas grifes. Já eu, não sei. Provavelmente pensariam que eu sou uma "wannabe" sem dinheiro suficiente pra usar uma camisetinha da Isabela Capeto ou uma bolsa cheia de penduricalhos da Mulberry. Como alguém que recentemente apareceu aqui para comentar no blog, afirmando que eu "quero ser hypadinha em São Paulo", com um pedantismo natural de quem vê valor excessivo na moda e em seus modismos. Não quero ser nada além do que sou. E eu garanto que pedante, deslumbrada e criminosa, em nome de luxos, eu nunca serei.

É preciso entender as coisas melhor.

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