quinta-feira, janeiro 17, 2008

Limitações

Ontem eu comentei aqui do SPFW e do deslumbre do povo que passa por lá. Hoje vou falar o que penso mesmo da moda brasileira. O texto é meio grande, perdoem a verborragia.

Fazer moda no Brasil nunca foi fácil, como não é fácil escrever um livro ou ser um artista plástico por aqui. O que falta não é criatividade, e sim noção de mercado e o próprio mercado em si. Por estarmos em um país onde, de acordo com o que vi no Jornal Nacional ontem, mais de 60% dos eleitores não completaram nem o primeiro grau de ensino, é quase que um sonho distante fincar este mercado da maneira ideal.

Considero a importância da moda sim, seja em seu aspecto artístico, mas mais ainda, financeiro. Ela gira grana, muita grana, inclusive aqui. Mas no mundo inteiro, ela vai tomando novos rumos e vive um momento estranho. Lá fora, muitas grifes buscam novos meios de ganhar dinheiro porque não são mais as roupas que vendem, e sim acessórios, sapatos e perfumes. As pessoas deixam de consumir roupas de marca porque encontram similares em lojas comuns, e passam a consumir sapatos, bolsas e acessórios, que custam caro, mas carregam consigo o status de uma marca e duram mais tempo que uma peça de roupa. Os desfiles tratam então de lançar os looks, as tendências, e as "butiques" das famosas "High Streets" inglesas e das lojas de departamentos, copiam e vendem muito mais. A moda tem seu capital instalado aí.

Sustentar a criatividade aqui fica mais complicado. O que aparece em um desfile, é modificado e mastigado para ser aceito pelo consumidor. A culpa é do próprio mercado, que sabe como o público quer consumir. Mesmo nas grandes capitais as pessoas não se atrevem a sair muito na rua vestidas com roupas com desenho ousado. Ousadia, aqui, é usar cós baixo e barriga pra fora. Quem consome moda mesmo, pura, são poucas pessoas "antenadas" e corajosas eu diria. O estilista então é completamente tolhido, e por falta de patrocínio (desfilar no SPFW é caríssimo) e acaba ficando vendido. Temos centenas de faculdades de moda, e temos pessoas talentosas aqui. Mas sustentar a idéia que um dia o povo(e o mercado) brasileiro vai encarar o que é fashion mesmo... Bom, se não sabemos nem escolher um presidente, quem dirá uma roupa, não é mesmo?

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